quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ela e o pai estavam na estrada. Ele ao volante, ela no banco do passageiro, puxando conversas, fazendo perguntas para que o pai respondesse e assim não adormecesse ao volante.

Foi uma longa viagem de carro e, depois de seis horas e meia de jornada, estavam chegando ao destino. Ele virou a direita e entrou numa estrada de terra menor. Andaram nela mais uns 15 minutos. Chegaram a um portão de ferro e entraram. Era um lugar lindo, com muito verde, muitas árvores. Alguns jovens estavam sentados por ali, conversando. Pareciam felizes. Pareciam não ter preocupações.

Era aqui que ela iria ficar, estudando no colégio interno.

Logo nos primeiros minutos, foram guiados até o escritório da Preceptora, que entregou-lhe as chaves do quarto que ela dividiria com outras três meninas. Também tirou-lhe os brincos, proibiu-lhe as unhas coloridas e saias, só na altura do joelho. As alças das blusas deveriam ter espessura de dois dedos. Era também proibido qualquer contato físico com o sexo oposto. Além disso, seria obrigatório assistir aos cultos da Igreja, duas vezes ao dia. Enfim, eram as regras.

Saiu do escritório sentindo-se anulada. O pai pouco conforto podia dar-lhe.

Passaram-se os dias e ela começou a se acostumar. Conheceu pessoas e foi aceita. Os meninos olhavam-na com curiosidade e com as meninas ela trocava confidências, histórias e risadas até altas horas da madrugada, quando as luzes já estavam apagadas e todos deveriam estar na cama.

Vagando pelo dormitório feminino e visitando os outros quartos ela conheceu meninas totalmente diferentes umas das outras, únicas. Mas em todos os quartos ela encontrou uma coisa em comum: calcinhas lavadas, de todas as cores, estampas e tamanhos, penduradas a secar.

Agora ela estava aqui sozinha. É...tinha chegado a hora de lavar as próprias calcinhas.

4 comentários:

Marcelo disse...

Só não deixe no box, obrigado.

Victor Meira disse...

Nossa, que bacana. Viver num internato é experimentar uma pitada de regime totalitário. Cria-se, mutuamente, ideologia, revolta e vontade de revolução e de transgressão.

É um terror.
Mas tem seu quinhão de coisas boas.

Boa, Carinola!

Antônio Sozinho disse...

O Ateneu?

Tulio Malaspina disse...

Gosto da simplicidade, mas estava esperando alguma traquinagem.
Quem sabe ela se apaixonar por uma amiga de quarto... quem sabe melhor.
ahsuhaushaushuahsuas