Texto escrito por Luiz Felipe Pondé, retirado da Revista Trip (ed. 184), que pode ser lido integralmente aqui.
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Não sei se a beleza salvará o mundo, nem se o amor ou desejo são centelhas de Deus, mas sei sim que uma mulher bonita salva meu dia. Em meio a um cotidiano em preto e branco, uma deusa me lembra que, se vou retornar ao pó um dia, não é hoje esse dia e por isso ainda tenho tempo de convidá-la pra jantar.
SELEÇÃO NATURAL
Existem umas chatas por aí que dizem: “O problema não é o homem, mas o macho; matem o macho no homem!”. Eu diria que se matarmos o macho no homem morre o homem com ele, e sem ele restarão apenas as chatas caminhando num deserto de chatas. A espécie, depois de milhares de anos de sucesso, graças ao desejo pela beleza da mulher, encontrará sua extinção. Por isso é essencial que a beleza feminina mantenha sua liberdade e ande pelos corredores em seus saltos altos e saias curtas. Essas chatas querem nos condenar ao silêncio. Mas, eis que, de repente, um milagre: sem querer, a blusa está desabotoada! Ainda bem que as deusas são nossas aliadas.
Inteligente, boba, ingênua ou canalha, casada ou solteira, tímida ou falante, responsável ou preguiçosa, loira, morena, japonesa, índia ou negra, todas encantam o mundo.
Tédio e beleza se misturam na alma feminina. Grande parte do mistério feminino na literatura tem sua raiz nesse tédio, como se a beleza fosse, muitas vezes, um fardo a ser carregado. Nós homens, que adoramos as mulheres, somos aqueles escolhidos, graças a Deus, para ajudá-las nesse fardo.
Dizem que as mulheres são eternamente insatisfeitas. Ainda bem. Quero-as sonhando com a beleza eterna refletida na própria imagem no espelho. Quero-as de manhã paradas na frente do armário, ainda com sono, pensando como atormentarão seres como eu. Quero-as apressadas, agoniadas, atrasadas, falando no celular e estacionando o carro. Quero ouvir seus passos se aproximando, na sala ao lado. Quero-as no espelho, pintando a boca de vermelho, vestindo um vestido preto. Quero essa boca vermelha me dizendo: “Bom dia!”.
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