quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ela

"Sei que foi quase atroz enquanto durou e ainda mais durante as noites de vigília que se seguiram. Isso não significa que relatá-lo possa comover um terceiro."

Segundo o Aurélio, saudade, essa maldita palavra que só existe no português, significa uma "lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.". Portanto, o que eu sentia não era exatamente saudade, era só o desejo de tornar a vê-la. Sem a nostalgia, sem a suavidade. Um sentimento ríspido, possessivo, pouco carinhoso. Essa uma saudade não-nostálgica, mais desesperada, precisa de um novo nome. Mas não é comigo, deixo essa tarefa para o pessoal da linguística ou seja lá qual é a atividade de quem batiza as palavras.

Fazia tempo que ela não aparecia. Muito tempo. Ela, esteve comigo desde a adolescência, resolveu não aparecer. Nem avisou, simplesmente me ignorou e não me deu as caras. Ela, que sempre apareceu como sinônimo de tranquilidade, paz de espírito, liberdade e falta de preocupação. Ela, que some e por causa disso não me deixa dormir, me concentrar, me enche de dúvidas e acaba com minha paz de espírito.

Todo o sentimento do primeiro parágrafo apareceu de uma maneira mais suja e intensa do que eu esperava e que eu acreditava que fosse possível. Assim, tive meu coração completamente transtornado, assim como minha alma e meu corpo. Essas palavras canalhas não conseguem descrever a intensidade do que vivi. Do que sofri e espero nunca mais viver.

Nunca a desejei tanto. Nunca a amei tanto. Os minutos, horas e dias não passavam. As noites foram longas, lentas, tensas e solitárias.

Nesse mês ela não veio.

Nesse mês ela atrasou.

8 comentários:

Renata disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata disse...

teeeenso.
i've been there.

teeenso.

hahaha bjoo

Renata Asato disse...

Ela era um mal necessário. Antes a via com incômodo, hoje a queria como nunca. Não sentia saudade, sentia falta. Aos poucos, sua falta lhe embaraçava.

Carina disse...

Sempre tivemos uma relação complicada. Já fiquei três anos sem sua visita. Fez falta.

Gosto quando ela vem, mas não é sempre que quero que venha...

Victor Meira disse...

Hahaha, charada legal, Cláudia.

Namorado que sou de moça bonita, já temi essa saudade aí...

Legal.
Beijó.

Biza disse...

Adorei o modo como falasses "dela".
Beijos

i let disse...

Nunca prestei atenção. Não lhe dei valor e nem desejei sua presença. Um dia ela chegou pontual, mas com algo de diferente. Je ne se quois, era sutil e contraditóriamente gritante.
Ela não era ela. E eu - quem nem repava, muito nessas coisas, percebi que algo havia mudado. E neste dia, ela tornou-se inesquecível.

Nunca fomos amigas.

Marcelo disse...

Bá, foda. Já "passei" por isso também, foi muito tenso.