sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Professora

Ela não tinha paciência, mas esperava. Não por opção, pela falta mesmo. Já havia esperado mais que grávida. Não conseguia encontrar mais ninguém que lhe agradasse como mulher. Até admirava alguns homens, embora não os desejasse. Outros desejava sem admiração.

Havia um colega de trabalho cuja tentativa de investir nessa mulher já completava uns três anos. Era um homem interessante pelo intelecto, bonito para umas, feio para outras. Começara a sair com ele pois seus assuntos lhe agradavam, no entanto, preferia conversar a beijá-lo. Alguma coisa naquele homem a incomodava.

Um dia ela me confessou que tinha algo a ver com o cheiro, não que fosse ruim, ela apenas não gostava. Não do perfume, do cheiro da pessoa mesmo, que todo mundo tem. Outro fato que lhe dava certa preguiça era a gentileza exagerada do professor. Ele a respeitava demais, chegava a perder a graça. Não tinha a pegada.

Ela perdia a vontade todas as vezes que saíam juntos. Na verdade, só o queria como amigo, mas nada dizia pois ainda tinha esperanças de se apaixonar. Só lhe restava um fio.

7 comentários:

Carina disse...

Lindíssimo, Asato!

Compreendo bem, compreendo bem. É engraçado como as mulheres se confundem, não é?

Mas nesses assuntos homem-mulher, as fronteiras não são nada claras! haha vamos aí, tentando decifrar...

adorei!
bjo!

Marcelo disse...

Bá, ótimo.

Pablito Furii disse...

Nenhum destes universos conseguem se decifrar mesmo. As vezes, ainda bem. Outras vezes, uma hóstia de chato.
Belo texto, Asato.
Beijão

i let disse...

As vezes, é por um fio que não nos desapegamos de uma pessoa.
Noutras, falta um fio pra gente se apegar...

Ah esse fio...
se laser resolvesse, minha solução seria definitiva!

Renata disse...

que legal, sato.
fudido.
adoro quando termino o texto e me dá um calafrio.

obrigada!

bjos!

Camila Ghattas disse...

Super entendo ela!

Renata Asato disse...

são fontes inesgotáveis os universos masculino e feminino... ainda bem!

obrigada!

beijos